Eu, P1, e P2

te apresento então, 3 pessoas.

- Porque eu escrevo o que acontece nas entrelinhas, meus erros e minha sujeira. Faço um cenário urbano, uma síntese do século XXI. Eu nunca tive coragem para sobreviver fora das minhas linhas, não me incomodo disso. Deixo tudo narrado nas linhas, e cabe ao leitor decifrar o claro enigma que eu tento fazer para cada testemunha que eu tenho a honra de conviver, mas que me delata na minha cabeça. Porque eu aponto pra mim mesmo, meu refrigerante é gaseificado demais. Porque eu e meus sonhos caminhamos juntos e separamo-nos quando veio um poste. Porque meus escritos me domaram, e ficaram tristes.

- Porque P1 é didático e objetivo. Documenta tudo em arquivos modernos, em sua crítica eterna às vírgulas e exclamações provenientes de emoções grandiosas. Não haveriam limites num céu desses, recheado de realidade e uma leve desconfiança de toda e qualquer metáfora. É pretensioso e usa disso pra sua escrita reta. Porque P1 é seco, mas isso de forma alguma é ruim, dá um toque de extremismo e leva todos a escalar uma montanha coberta de dados percentuais, regras e toda a formalidade de uma vida traje-social. É um band-aid, mas pra um machucado grande demais.

- Porque P2 é subjetivo no que escreve. Te coloca num carro dos anos 90 de um farol estragado, que sai correndo numa estrada cheia de sentimentos viscerais, do fundo mesmo, e impossíveis de não se identificar. É amargo num escrito libertador, com todo o amarelo esfuziante, o vermelho sensual, e o roxo de um violento rio de sensações à flor da pele. Porque P2 não mente e faz jogos sacanas com as palavras e letras; e dá um poder sem igual a uma frase. É carne recém saída do corpo,. Porque P2 tem cheiro de arranhão e me faz ser jogado violentamente do carro dos anos anos 90 já citado quando toda aquela subjetividade vira a droga da realidade. Um vento quente num dia de 38°.