
Nesse momento, Zeca se viu sozinho, ao lado do isqueiro. O inverno gaúcho não trouxe companhia e nem vinho, só cobertores. Zeca ficou ouvindo sua respiração.
O inspirar...o expirar
O inspirar...o expirar
O inspirar...o expirar
1,71m de um cara cansado, com a agenda telefônica vazia, de um ranger de dentes, seguido de pequenas mordidas no lábio. Zeca estava triste como poucos.Ninguém falava dele com o suspense da paixão, ninguém bebia por Zeca, assim como já tinha acontecido antes. Seriam mesmo bons os tempos em que bebiam por ele? Naquela hora, sim, eram.
Zeca assistiu com a boca seca as costas que lhe deram. Não havia medo, mas um pouco de tristeza, certa raiva e toda a conformação. Zeca não tinha mais dinheiro pro cigarro.
Zeca é infiel.
Infiel a si mesmo.
Ainda guardam cartas e bilhetes dele.
Por que não o chamam pra sair?
Zeca vai beber por ele mesmo, ja que ninguém o faz. Vai ele mesmo fazer uma serenata, já que ninguém o faz. Mas por onde começar se todo mundo está sorrindo e se sacudindo em lugares tão apertados e chatos?
Zeca é velho.
Velho de doer.
Cansado, agenda vazia, dentes rangidos. Um copo de bebida meio cheio.
Zeca é apaixonado.
Não sabe pelo quê, mas é.
Será que ainda são apaixonados por ele?
Zeca um dia chega lá.
Um comentário:
onde o zeca quer chegar?
onde ele deve chegar??
zeca fez algo de errado??
o que diziam nas cartas e nos bilhetes que escreveram por zeca?
o dia que zeca chegar lá, vai ser o dia em que ele descobriu por quem ele é apaixonado
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